ago 24, 2017 Cíntia Gomes Destaques, Trânsito Comentários desativados em Doença na córnea aumenta riscos no trânsito, diz pesquisa
Pesquisa aponta que 1 em cada 5 jovem com ceratocone tem dificuldade para dirigir e quais terapias fazem maior diferença.
Relatório do seguro obrigatório DPVAT que indeniza quem sofre acidente de trânsito mostra que das 192.187 vítimas nos seis primeiros meses deste ano, 49% ou 94.167 eram jovens de 19 a 34 anos, sendo que neste grupo 58% eram motoristas.
Pesquisa realizada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) mostra que o ceratocone, doença ocular que altera a curvatura da córnea e geralmente aparece na adolescência é um dos fatores que mais contribui com o alto índice de acidentes de trânsito com jovens. Só para se ter uma ideia, 1 em cada 5 dos 315 participantes no levantamento afirmaram que o ceratocone dificulta a direção, 1 em cada 8 não consegue dirigir à noite e o mesmo índice não consegue dirigir.
O médico explica que isso acontece porque a alteração na curvatura da córnea torna os reflexos mais lentos por desfocar as imagens tanto para longe como para perto, dificulta a leitura das placas de sinalização, aumenta, a fadiga visual, a aversão à luz, o ofuscamento pelos faróis contra e a visão de halos noturnos. “O ceratocone atinge 100 mil brasileiros e responde por 7 em cada 10 transplantes de córnea no país. Trata-se portanto de um grave problema de saúde pública, uma vez que a visão responde por 80% de nossa integração com o meio ambiente”, ressalta Queiroz Neto.
Ainda de acordo com o médico, no início da doença os óculos oferecem boa correção visual, mas a pesquisa mostra que 61% dos participantes só conseguem enxergar bem com lente de contato. As rígidas são usadas por 74% deste grupo porque aplanam a córnea e proporcionam melhor correção visual.
A pesquisa mostra também que nem todas as terapias disponíveis para tratar o ceratocone foram utilizadas pelos participantes. Das que foram utilizadas o crosslink ainda é temido por 12% do grupo. Queiroz Neto explica que a terapia associa riboflavina (vitamina B2) com radiação ultravioleta para aumentar a resistência da córnea em até 3 vezes e estacionar a progressão do ceratocone. O risco de passar pelo procedimento é menor do que não passar quando o paciente tem indicação, afirma. A doença estacionou em 88% dos que fizeram crosslink e 45% também tiveram melhora da visão.
Outra técnica para evitar o transplante de córnea utilizada nos participantes da pesquisa foi o implante de anel intracorneano que aplana a curvatura da córnea. Para 74% este implante melhorou a visão além de permitir melhor adaptação da lente de contato.
Outros 20% não passaram pelo procedimento por ter medo de complicações apesar do procedimento ser reversível.
O transplante de córnea só foi realizado por 12% dos participantes da pesquisa e apesar da cirurgia ter sido feita pelo método convencional 70% afirmaram ter grande melhora da visão e 32% uma pequena melhora.
Queiroz Neto ressalta que hoje o transplante pode ser feito com o laser de femtosegundo que torna o procedimento mais preciso ou ainda pela técnica DALK em que a camada interna da córnea, endotélio, é preservada, reduzindo assim ao risco de rejeição.
“O maior problema continua sendo a falta de informação e o acesso cada vez menor da população aos tratamentos de ponta para que tenhamos uma grande redução no número de acidentes”, conclui.
As informações são da Assessoria de Imprensa
Fonte: Portal do Trânsito
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