set 21, 2021 yasmim Destaques, Trânsito Comentários desativados em Denúncia: vítimas de trânsito continuam sem receber indenizações do DPVAT
No final do ano passado, 36 seguradoras comunicaram a saída do Consórcio DPVAT, que administra o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores em Vias Terrestres. Com isso, a operação do referido seguro – e o pagamento de indenizações do DPVAT-deixou de ser administrada pela Seguradora Líder e passou a ser feito pela Caixa Econômica Federal (CEF) a partir de 1º de janeiro deste ano.
No entanto, a nossa reportagem continuou a receber denúncias de que a CEF continua sem pagar as referidas indenizações. É o caso de Ana Paula Santos Silva, que diz estar tentando receber o seguro desde fevereiro. “São dois herdeiros para receber. Pagaram para um deles e o outro que é meu filho não recebo. Dei entrada e preciso ficar indo até a Caixa para saber se sai ou não. Agora, comecei a trabalhar e não posso ficar saindo do serviço para ficar o dia todo na Caixa e ainda não resolver”, relata.
Patrícia Costa conta uma situação parecida.
“Dei entrada no DPVAT em 11 de abril e até hoje nada. A Caixa não fornece informações. Preencheram o formulário errado por duas vezes, além disso não retornam quando entro em contato”, afirma.
Infelizmente pouca coisa mudou, afirma o presidente do Centro de Defesa das Vítimas de Trânsito, Lúcio Chama.
Segundo ele, a CEF até começou a cadastrar processos no aplicativo, mas ainda há muitos erros, como por exemplo, processos que antes eram pagos em 15 a 30 dias pela Seguradora Líder, agora demoram mais de 60 dias para recebimento. Além disso, os que conseguem passar por perícias médicas, estão tendo muitos problemas.
Por exemplo, o aplicativo informa que o deferimento da solicitação, mostra, inclusive, o valor, mas o dinheiro não chega à vítima ou seus familiares.
“Apresentaremos na Audiência Pública, que estava marcada para primeiro de setembro e foi adiada, uma situação muito grave. A princípio, em um levantamento feito nos dados oficiais da Seguradora Líder pelo período de cinco anos, constatou-se que em média eram pedidas cerca de 50.000 indenizações por mês. Em contrapartida, a CEF apresentou um relatório que aponta que de janeiro a julho de 2021, foram atendidos 52.000 pedidos de DPVAT. Ou seja, o que a Líder recebia mensalmente a CEF recebe em sete meses. Com base nesses cálculos, chegamos à conclusão que cerca de 300.000 pedidos deixaram de ser protocolados. No nosso entendimento, a justificativa é justamente o monopólio DPVAT da CEF, pois só pode dar entrada nas agências da CEF e através do APP”, aponta Chamas.
“A CEF comete muitos equívocos nas informações para população. Por exemplo, em uma resposta ao Requerimento de um Deputado Federal, ela informa que analisam e pagam os processos em oito dias, o que não acontece. Prova de que ela erra nas informações são os pedidos que estão parados há mais de 30 dias sem pagamento”, afirma.
O presidente do Centro de Defesa das Vítimas de Trânsito enfatiza ainda que estão pendentes vários pedidos por falta do RTM – Relatório Tratamento Médico. De acordo com ele, um documento praticamente impossível de conseguir com SUS – Sistema Único de Saúde, pois 80% das vítimas não conseguem realizar a reabilitação de fisioterapia, o que dificulta ter qualquer relatório médico.
“Sem contar que o médico assistente do SUS não tem obrigação de emitir Relatórios para fins securitários, questão que já tinha sido resolvida com a Seguradora Líder. Em síntese, antes bastava apresentar prontuário médico, imagens e exames se tivesse”, esclarece.
O Centro de Defesa Vítimas de Trânsito está apresentando ao Congresso Nacional, sugestão para um NOVO DPVAT com coberturas mais amplas, haja vista que os valores estão sem correção há mais de 15 anos. “Acreditamos que a nossa proposta traga algumas mudanças significativas para atender realmente as vítimas de trânsito ”, ilustra.
O Governo Federal contratou a Caixa para o pagamento do seguro DPVAT pela sua experiência na implementação de políticas públicas. Bem como, pela presença nacional, com mais de 4.200 agências em todo o Brasil; e pela tecnologia aplicada na prevenção e redução de fraudes. Além disso, o processo é totalmente gratuito para o solicitante, sem a necessidade de intermediários.
Os canais para protocolo ocorrem via aplicativo DPVAT CAIXA ou Agência Bancária e respondem, respectivamente, por 89,2% e 10,8% das solicitações enviadas à CAIXA.
A Caixa informa que 83,9% dos processos recebidos pelo banco encontram-se com a análise finalizada ou aguardando regularização de documentação pelo solicitante. Os 16,1% restantes referem-se à primeira análise ou análise complementar de regularizações efetuadas pelos solicitantes.
Os pedidos de indenização estão sendo processados dentro do prazo legal de 30 dias e, quando ocorrem pendências na documentação, a CAIXA comunica ao solicitante por e-mail e pelo aplicativo DPVAT CAIXA. Em outras palavras, segundo a CEF, é importante que os solicitantes acompanhem o andamento da solicitação pelo canal utilizado. Seja pelo aplicativo DPVAT CAIXA, por e-mail, ou por meio de contato com a agência em que o cidadão entrou com o processo.
A operação da Caixa relativa ao DPVAT vem sendo supervisionada pela Susep, que observa evolução da operação no decorrer deste ano de 2021.
A Susep reitera que o prazo para análise e pagamento das indenizações, previsto na lei do DPVAT e no contrato firmado com a Caixa, é de 30 dias, contados da data de apresentação da documentação completa capaz de comprovar o direito à indenização e que a necessidade de regularização pelo solicitante (apresentação de documentos ou esclarecimentos, por exemplo) interrompe esse prazo.
A Susep tem competência para apurar denúncias e reclamações por atrasos injustificados nos pagamentos das indenizações pelos operadores do DPVAT (Caixa e Seguradora Líder). Nesse sentido, os usuários que tenham eventuais reclamações sobre os atendimentos relacionados ao DPVAT podem recorrer ao Consumidor.gov.br, plataforma oficial do Governo Federal para solução de conflitos, que a Susep integra desde 1º de janeiro de 2021.
“Ressaltamos, mais uma vez, a importância da execução, pelos operadores, dos procedimentos de prevenção a fraudes e de combate ao uso indevido do DPVAT. Nesse sentido, a finalidade é melhor aproveitar os recursos atualmente disponíveis”, sugere a SUSEP.
Fonte: Portal do Trânsito
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